terça-feira, 28 de outubro de 2008

A minha história - Parte I

A minha história começou em 2000, quando eu e o meu marido, casados desde 97, achamos que era uma boa altura para sermos pais, durante aproximadamente uma ano todos os meses esperamos que tivesse sido esse o mês, mas não era.
Começamos então a caminhada das consultas, 1º na ginecologista que me seguia, que me mandou fazer alguns exames, medir temperaturas e tomar dufine, depois uma médica especialista em infertilidade, indicada por uma conhecida que tinha tido problemas de fertilidade.
Até fazer-mos um ano de tentativas, todos diziam que era normal, para eu não me preocupar, mas eu preocupava-me, eu tinha medo, que o meu receio de não conseguir ser mãe, fosse real, e a verdade é que era.
Comecei a mentir no tempo de tentativas e fiz várias estimulações, muitas análises, ecos, tentativas e desilusões, sempre bem regadas com muitas lágrimas de revolta, raiva e tristeza, porquê a mim? Porquê eu?
Todos tinham alguma coisa a dizer sobre o assunto, muitos conselhos a dar, e eu fui calando a minha tristeza e frustração e fui fazendo os tratamentos.
Não foi uma época fácil, eu não sabia como devia enfrentar o problema, vivia angustiada, frustrada, triste e desanimada. Não acreditava nos tratamentos, muitas vezes estava a dar a injecção a mim própria a chorar, chorava de frustração, de tristeza, de raiva e sem saber eu estava a gritar por socorro, já não aguentava mais, emagreci muito, entrei em depressão, não aguentava a pressão no trabalho e os olhares fulminantes quando dizia que tinha que sair para mais uma consulta, eco, etc.
Os tratamentos ficavam muitos caros, era a consulta 16 cts na altura, as ecos a 1ª do ciclo 12 cts e a 2ª 6 cts, mais as injecções e as seringas, era um desgaste terrível, a todos os níveis, a minha vida sexual mudou radicalmente, hoje tinha que fazer sexo, amanhã não, isto posso tomar isto não posso, não vou de fim de semana por causa dos tratamentos, qual é o dia do ciclo? Enfim deixei de ser um ser humano para passar a tentar fazer o meu corpo funcionar de forma mecânica. E ele nada de funcionar.

Um comentário:

Clara disse...

Sabes, amiga, a grandeza do porque não eu não é mesmo para nós...